As festas juninas são uma das celebrações mais queridas do calendário brasileiro. Comidas típicas, danças tradicionais, quadrilhas, brincadeiras e fogueiras encantam adultos e crianças em todo o país. A diversão é garantida, mas, quando o assunto é a participação dos pequenos, especialistas recomendam atenção redobrada, sempre!

Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), divulgada em junho do ano ado, revela que entre 2022 e 2023, foram registradas, aproximadamente, 14 mil hospitalizações de crianças e adolescentes devido a acidentes com queimaduras no Sistema Único de Saúde (SUS). Foram 6.924 casos em 2022 e 6.981 em 2023. Conforme aponta o levantamento, crianças de um a quatro anos de idade são as maiores vítimas.

Embora o perigo das queimaduras ocorra durante todo o ano, os especialistas destacam que a atenção deve ser redobrada durante os festejos juninos que se estendem até agosto, em muitas regiões.

“Esse é um período de muita alegria, mas, infelizmente, o número de atendimentos no pronto-socorro envolvendo queimaduras e acidentes com crianças aumenta bastante. O manuseio de fogueiras, fogos de artifício e outros artefatos pirotécnicos, muitas vezes sem a supervisão adequada, contribui para esse aumento. Além das queimaduras, são comuns cortes, quedas e acidentes causados por roupas inadequadas ou brincadeiras próximas ao fogo. Por isso, é fundamental que os adultos estejam atentos, garantindo um ambiente seguro e orientando as crianças sobre os riscos, alerta a pediatra Bruna de Paula (@dra.brunadepaula.pediatra).

Fantasias seguras

As roupas típicas são um dos elementos mais marcantes da festa, mas nem sempre são seguras. Tecidos inflamáveis, fitas soltas e enfeites pontiagudos podem causar acidentes, principalmente quando as crianças estão perto do fogo.

“Roupas inflamáveis, como tule ou poliéster, devem ser evitadas, principalmente se houver fogueiras e fogos por perto. O ideal é optar por tecidos de algodão, que são mais seguros e confortáveis. Evite também órios soltos que possam enroscar ou causar quedas, como cintos largos, fitas longas ou colares. Os calçados devem ser fechados e firmes no pé, para evitar tropeços. E se for usar maquiagem, prefira as infantis e hipoalergênicas, para não causar irritações na pele sensível dos pequenos”, recomenda Bruna.

Cuidados com fogos e fogueiras

Fogueiras são símbolos das festas juninas, mas podem ser perigosas. Bruna de Paula ressalta que “é fundamental manter as crianças sempre afastadas da fogueira, que deve estar em um espaço seguro, sem materiais inflamáveis por perto, e supervisionada por um adulto responsável o tempo todo. Quanto aos fogos de artifício, o ideal é que sejam manuseados apenas por adultos treinados, longe das crianças e em locais abertos. Nunca permita que elas acendam fogos ou soltem foguinhos, pois o risco de queimaduras e acidentes é grande. Além disso, mantenha sempre um balde com água ou um extintor por perto para emergências”.

Ainda de acordo com a pediatra, mesmo os fogos de artifício considerados inofensivos, como estalinhos, devem ser evitados.

“Os estalinhos, embora sejam fogos de artifício menores, causam pequenos estouros que podem assustar e até machucar se forem manuseados de forma incorreta. Existe o risco de queimaduras nas mãos e olhos, além de acidentes causados por reações inesperadas. Por isso, a recomendação é que crianças só usem estalinhos sob supervisão direta de um adulto, em áreas abertas e longe do rosto e do corpo. Outra dica importante: escolha sempre produtos certificados e comprados em estabelecimentos confiáveis”, explica.

Crianças com doenças respiratórias

A fumaça das fogueiras e dos fogos é prejudicial especialmente para crianças com rinite, asma ou bronquite. Em ambientes fechados ou com pouca ventilação, a situação se agrava.

“A fumaça contém partículas que irritam as vias aéreas, podendo piorar os sintomas em crianças com doenças respiratórias. Mesmo crianças saudáveis podem sentir tosse, irritação na garganta e dificuldade para respirar em ambientes com muita fumaça. Por isso, é importante evitar que elas fiquem muito perto da fogueira ou de locais onde os fogos estejam sendo usados. O ideal é mantê-las em ambientes ventilados e, se possível, longe da festa durante o uso dos fogos”, orienta a especialista.

Atenção às comidas típicas

As barraquinhas de comidas são um dos pontos altos da festa, mas também exigem atenção. Crianças podem se engasgar com alimentos inadequados para a faixa etária.

“Pipoca é um clássico das festas juninas, mas pode ser perigosa para crianças pequenas, especialmente as menores de quatro anos, por risco de engasgo. O ideal é evitar oferecer pipoca para os menores dessa faixa etária ou supervisionar muito de perto enquanto comem. Além disso, cuidado com outros alimentos pequenos, duros ou pegajosos, como amendoim, balas e maçã cortada em pedaços grandes, que também podem causar engasgo. É importante ensinar a criança a comer devagar, sentada e com calma, e ter um adulto preparado para agir rapidamente em caso de engasgo”, alerta Bruna.

Brincadeiras supervisionadas

Outro ponto importante a ser observado são as brincadeiras típicas como a pescaria e a quadrilha, por exemplo. De acordo com Bruna de Paula, “mesmo brincadeiras aparentemente inocentes, podem apresentar riscos se não houver supervisão. Na pescaria, é importante garantir que os anzóis ou objetos usados não machuquem as crianças - prefira versões adaptadas, com materiais seguros e sem pontas afiadas. Na quadrilha, como envolve dança e movimentação em grupo, cuidado com o espaço disponível para evitar quedas e esbarrões, especialmente em crianças pequenas. Roupas confortáveis e calçados fechados ajudam a prevenir escorregões”, finaliza a pediatra.

Esse olhar especial para os menores, não deve apenas ser dos responsáveis pelas crianças, promotores e organizadores de eventos devem ter em seus projetos esse cuidado mais detalhado para evitar situações de perigos e riscos que podem macular toda a festividade.

Muitas escolas agitam seu calendário com esse importante momento e é importante que foquem em proporcionar experiências seguras e memoráveis, de forma positiva, rastreando e eliminando variáveis que possam causar acidentes e incidentes que tirem todo o esplendor e emoção das festas juninas.

Elas são sinônimo de alegria, entretenimento, tradição, ritos familiares e não podem jamais se tornar palco para tristezas, lágrimas, processos e dores.

Que os Santos Juninos – Santo Antônio, São João e São Pedro – nos protejam, mas não esqueçamos de fazer a nossa parte, deixando as bandeirolas da segurança sempre ativas e dominantes para o bem-estar de todos, sobretudo de nossos pequeninos.

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